sábado, 12 de novembro de 2011

O que é uma ferida

Uma ferida não é somente
o corte sangrento que se vê

Mas, também, a canção,
que por causa dos arranhões,
tornou-se muda

E, por mais que passe o tempo
maldizendo os gritos,
nenhuma das suas chagas se cura

Querida emudecida canção,
use o seu tempo como pérola rara:
cure a sua mudez; procure o que
sara a sua familiar ferida.

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Eu senti a gênese deste poema, quando observei um arranhão numa parte do meu corpo, da qual, exatamente, não tenho certeza para dizer qual foi [acho que foi no braço].
E veio a mim, um pensamento: "será que para ser ferida, é preciso ser algo exterior? Ser visível? Por que é preciso ver para ser dor? Constatar com a própria visão o que é dor e o que não é?"
E se a dor for, simplesmente e de modo assustador, não perceber a dor que habita no mais profundo peito?
E se a dor for a cegueira existencial. O ser mudo em seu todo. A vida flagelada interinamente.
Há ferida externa e também, há muitas internas.
Eu aconselho a todos a procurarem a cura existencial.
E se alguém quiser uma orientação de onde encontrá-la, eu vou dar a minha palavra.

Quer o fim da ferida? Ou quer gastar o tempo da existência lutando em escondê-la e "maldizendo os gritos" botando a culpa nos outros ou em outras coisas?

Por: Marcello Ferreira.

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